
Historicamente, o Brasil se beneficiou do fluxo de investimentos estrangeiros no setor imobiliário, especialmente em regiões turísticas como Rio de Janeiro, Florianópolis e Fernando de Noronha. Estrangeiros em busca de oportunidades no mercado brasileiro frequentemente adquiriam imóveis de luxo, impulsionando a valorização de áreas costeiras e urbanas. No entanto, essa dinâmica tem se invertido nos últimos anos, com a crescente facilitação de investimentos imobiliários por brasileiros no exterior.
A Fuga de Capitais e o Esfriamento do Mercado Interno
Essa tendência já era perceptível no mercado interno, com o desaquecimento de segmentos de alto padrão em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Enquanto isso, países estrangeiros têm atraído investidores brasileiros com políticas vantajosas, como:
- Portugal: O Golden Visa oferece residência e, posteriormente, cidadania para investidores que adquirem imóveis acima de €500 mil (ou €350 mil em áreas de renovação urbana). Além disso, o regime fiscal favorável (NHR) isenta parte da renda de impostos por 10 anos.
- Estados Unidos: O EB-5 concede visto permanente para investimentos a partir de US$ 800 mil em regiões pré-aprovadas.
- Espanha: Oferece residência para compras acima de €500 mil, com acesso ao Espaço Schengen.
A Expansão das Fronteiras do Investimento de Alto Padrão
Pela lei da oferta e demanda, o mercado imobiliário de luxo brasileiro enfrenta concorrência global. Um investidor que antes considerava um apartamento em Búzios ou um cobertura em São Paulo agora compara com opções como:
- Um condomínio à beira-mar em Miami (EUA), com valorização histórica e liquidez;
- Um apartamento em Lisboa (Portugal), combinando segurança, qualidade de vida e benefícios fiscais;
- Uma villa em Orlando (EUA), atrativa para famílias devido à proximidade de parques temáticos e escolas internacionais.
O Efeito Dominó: Da Evasão de Artistas à Fuga de Grandes Investidores
Inicialmente, artistas e celebridades foram os primeiros a migrar seus investimentos, buscando privacidade e estabilidade no exterior. Hoje, porém, a tendência se estende a empresários, herdeiros e profissionais liberais de alta renda. Esse movimento:
- Reduz a demanda por imóveis premium no Brasil, pressionando preços;
- Aumenta a oferta de propriedades de luxo no mercado interno, com muitos colocando seus ativos à venda para realocar recursos no exterior;
- Estimula a desvalorização em regiões antes exclusivas, como Leblon (RJ) ou Jardins (SP).
Conclusão: Um Mercado em Transformação
Enquanto o Brasil enfrenta desafios como burocracia, insegurança jurídica e alta carga tributária, outros países se apresentam como alternativas mais seguras e rentáveis. A internacionalização do investimento imobiliário de alto padrão não é mais uma tendência—é uma realidade que redefine o perfil do comprador e exige adaptação por parte do mercado nacional.
Exemplo Prático:
Um empresário brasileiro que, há 10 anos, investiria R$ 10 milhões em um apartamento na Barra da Tijuca (RJ), hoje prefere alocar parte desse valor em um imóvel em Lisboa (€500 mil para o Golden Visa) e o restante em um fundo imobiliário nos EUA, diversificando riscos e garantindo mobilidade global.
Essa mudança de comportamento sinaliza a necessidade de o Brasil repensar suas estratégias para reter investimentos de alto valor, seja através de incentivos fiscais, segurança jurídica ou infraestrutura mais competitiva.
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